terça-feira, 30 de junho de 2009

confesso


Confesso, ando meio desiludido com a classe pastoral. Ou será que é decepcionado? Tanto faz. Sei que essa confissão não soa agradável aos ouvidos de alguns religiosos engravatados. Ou deveria chamá-los de empresários? Ou de marqueteiros da fé? Ou, quem sabe, vendilhões do templo? Acho que esse último combina bem. É revoltante, mas é comum vermos pastores transformando o púlpito em balcão de negócios, o evangelho da graça em mercadoria barata, os crentes em consumidores esfaimados por receber alguma benção mirabolante. Há muitos lobos e mercenários no meio do rebanho de Deus e eles em nada se parecem com pastores. Sei que o pastorado é uma vocação sagrada. Foi Deus quem prometeu: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração...” (Jr. 3:15). Mas, onde eles estão? Onde estão os Franciscos de Assis, as madres Terezas, os Jonhs Wesleys, os Mertins Luter Kings. Onde estão? Se alguém os virem por aí, em alguma esquina, em algum beco, em algum templo, por favor, tenha dó desta pobre alma faminta.
Confesso, desde meus anos pios alimentei em meu peito a nobre vocação pelo excercício pastoral. Mas agora, não sei mais. Preciso de inspiração.
Confesso, às vezes não consigo disfarçar o meu acanhamento quando me perguntam se faço parte de alguma instituição religiosa. Por que será? Talvez porque a igreja tenha deixado sua proposta primeira - o Reino de Deus e sua justiça. Quando a igreja deixa de salgar e iluminar ela passa ser alvo de motejos, chacotas e zombarias, e para nada mais serve senão para ser pisada pelos homens. Acho que foi por essa razão que o teólogo judeu Abraham Joshua Heschel escreveu:
“Quando a fé é completamente substituída pelo credo, o culto pela disciplina, o amor pelo hábito; quando a fé se torna um mero objeto herdado em vez de uma fonte de vida; quando a religião fala somente em nome da autoridade em vez da compaixão, sua mensagem se torna sem sentido”.
Confesso, tenho saudades do tempo em que a presença dos pastores anunciavam respeito e admiração. Bons tempos aqueles em que os especialistas nos segredos divinos eram reverenciados e honrados. Tempo que se foi

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