terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Salmo 46

Não é desprezível a informação, segundo a qual o salmo 46 foi escrito ao final de uma experiência de luta. Embora não possamos saber com certeza, o texto mesmo parece indicar este contexto. Essa informação nos deixa à vontade para ler este salmo e crescer com ele. Assim, o salmo 46 é uma canção para ser entoada num culto. Perdemos a melodia, mas o ritmo está ali, inclusive o estribilho, que aparece nos versos 7 e 11. A experiência vivida pelo poeta, e não sozinho, porque junto com outras pessoas, seus familiares, seus companheiros de luta, seu povo, leva-o a concluir que devia acalmar-se, aquietar-se, desagitar-se, parar de lutar. 1. COMPRENDENDO O SALMO 46 O salmo começa (verso 1) com uma declaração acerca de Deus, que, por experiência própria, sabemos ser verdadeira. versos 2-3 Nossa fé neste Deus não depende de que tudo esteja no seu lugar em nossas vidas. Pode estar tudo de pernas pro ar em nossa saúde, em nossa família, em nossas finanças, que ainda assim sabemos que Deus é nosso refúgio e fortaleza, que, na hora da angústia, Ele é socorro bem presente. Por isto, ao olhar para si e para a sua gente, o poeta canta que ele nem sua gente deviam temer. Como temer as coisas, se Deus fez as coisas? Como temer o poder da natureza, se Deus que a criou está conosco? Como ficar abalado pelo jeito que as coisas, em casa, no bairro, na cidade, no país, no mundo estão indo, se Deus continua Senhor, embora o furacão, o vulcão pareçam que vão levar tudo de roldão? versos 4-5 Deus está no meio de nossas vidas. Lendo o salmo (versos 4 e 5), ouvimos sobre uma cidade que tem um rio que alegra a cidade de Deus, que alegra o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio desta cidade. Deus ajudará os habitantes desta cidade, no início do dia. Que cidade é esta? Não sabemos. Jerusalém não tinha rio. Que bom! Gosto de pensar então que a minha vida, a sua vida, é a morada de Deus. Esta morada é visitada por um rio de alegria; este rio é o Espírito Santo. O Espírito Santo se alegra porque está conosco; o Espírito Santo se alegra porque não se abala diante dos ataques porque lá adiante o rio desemboca em Deus. O Espírito Santo se alegra porque sabe que a noite, esta noite por vezes trevosa que parece interminável, vai acabar; Deus fazê-la acabar porque está pronto e desejo para ajudar seus filhos a uma vida de plenitude. Gosto também de pensar que preciso contemplar as águas deste rio e ver para onde vão; eu preciso me banhar nas águas deste rio; eu preciso beber das águas deste rio. Queremos nos acalmar, mas continuamos bebendo as águas da agitação. Quem bebe agitação fica agitado. Quem bebe calmaria calmo fica. Gosto de pensar que a ajuda de Deus, no início da manhã, tem a ver com duas decisões nossas. Uma é uma atitude de busca da sabedoria de vida. Nós precisamos aprender a viver. Boa parte de nossos problemas advém de nossa falta de sabedoria, ou da falta de sabedoria dos outros. Então, no que depender de nós, aprendamos a viver. Outra é uma atitude de busca do poder de Deus sobre as nossas vidas, que é também uma atitude sábia, porque começa com a percepção de quem Deus é (um Deus Emanuel, um Deus conosco), continua com o desenvolvimento da confiança neste Deus em meio à bonança e em meio à borrasca, em meio à graça e em meio à desgraça, e se completa com a entrega. Confiar é deixar nossos problemas ao pé da cruz e voltar para a casa sem eles. Confiar é depositar, como se fosse uma oferta, nossas dores no altar de Deus e voltar para casa sem elas. Confiar é crer que a manhã da intervenção de Deus vai chegar quando for manhã no relógio de Deus. (Aliás, para muitos a manhã já chegou, mas a manhã não é recebida porque o coração continua agitado!) versos 6-8 Confiar em Deus não é viver como se os problemas não existissem, alienadamente, porque, na verdade, a confiança nasce de uma visão da realidade, confrontada com uma visão de Deus. Quem vence, no seu coração? Reinam os reinos deste mundo? Valem as vozes deste mundo? Vencem os senhores da guerra, os que têm armas poderosas? Ou vence a voz dAquele que faz a terra se derreter? Ou vence Aquele que quebra arcos, lanças e escudos e seus correlatos de alta tecnologia? versos 10-11 Diante do que Deus é, só nos cabe parar de lutar, aquietarmo-nos, acalmarmo-nos. Quando sabemos quem Deus é, nós nos acalmamos. Quando olhamos mais para o que Ele pode fazer e menos para o que somos capazes de fazer, nós nos acalmamos. Com os olhos da fé, podemos ver Deus sendo exaltado até por quem não crê nEle. Com os olhos centrados em Deus e não na periferia das ações humanas, boas e ruins, veremos Deus sendo exaltado até pela natureza.

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